Com mais transações, mais procura e preços estabilizados, empresas mantêm confiança no mercado. Planos de crescimento não foram afetados pela pandemia. Fortalecimento das redes e de pessoal manter-se-ão neste ano
O mercado imobiliário português iniciou o ano de 2021 com otimismo. Os primeiros indicadores do exercício apontam para um aumento no volume de transações, uma forte dinâmica na procura e, ao contrário do esperado, uma estabilidade nos preços, dizem as imobiliárias ao Dinheiro Vivo. A confiança no setor é grande – mesmo em 2020, o primeiro ano da crise pandémica, o negócio cresceu para 26,2 mil milhões de euros, com o valor das casas a aumentar mais de 8% -, e as empresas não querem perder o passo. Estão a reforçar a rede de agências no país e a fortalecer as equipas.
Depois de, no ano passado, ter aberto 15 novas agências – só em junho inaugurou sete no mesmo dia -, a ERA já colocou nestes últimos meses mais quatro em operação e o plano é de contínuo crescimento. Como sublinha Rui Torgal, diretor-geral da imobiliária, “continuamos bastante empenhados no nosso processo de expansão em Portugal”, mercado onde a marca já detém uma rede de mais de 200 espaços espalhados pelo país e que conta com cerca de 2500 consultores. Segundo o responsável, este é “um número que tem vindo a crescer” de forma a acompanhar o processo de reforço da cadeia, e que já conduziu a ERA à criação de um departamento para atrair novos colaboradores, dar formação e impulsionar a progressão profissional.
A Zome Pr1me, que opera na área da Grande Lisboa, está prestes a dar um forte impulso à sua atividade. Como revela Nelson Morgado, CEO do grupo Pr1me, este mês será inaugurada uma agência em Alvalade e em fase de abertura encontram-se as unidades de Abóboda, Cascais, Restelo e Campo Pequeno. A marca tem perto de 300 consultores, universo que tem progressivamente aumentado, embora sobre criteriosos requisitos de exigência. Segundo o gestor, a Zome “é a empresa mais produtiva do mercado” e nos processos de recrutamento e seleção esse é o foco, transmitir que a estratégia assenta na produtividade. “Quem incorpora a nossa organização tem de estar imbuído deste espírito”, sublinha.
Aposta no Minho
Apesar de o negócio de venda de casas ter sofrido uma quebra de 10%, para 96,1 milhões de euros, em 2020, a imobiliária de luxo Engel & Völkers (E&V) abriu neste ano agências em Cascais/Estoril e Faro/Tavira. Já no início de 2021, arrancou com uma nova aposta, com a abertura de um espaço em Braga. Como explica Vanessa Moreira, diretora-geral do market center de Lisboa, a região do Minho tem “propriedades de excelência”, há muitos investidores a procurar quintas, que dão uma garantia de segurança e conforto no contexto atual, e também em explorações vinícolas. Cereja em cima do bolo, os imóveis apresentam preços acessíveis para estrangeiros, que procuram casas para fins turísticos, mas também residenciais. A agência conta atualmente com 156 consultores, sendo que desde dezembro regista um crescimento de 2,4% no número de colaboradores. Otimista quanto ao potencial do mercado imobiliário de luxo português, a E&V tem planos para expandir a sua presença a Coimbra, Aveiro, Évora, Leiria e, possivelmente, ao arquipélago da Madeira.
Também na Keller Williams Portugal a pandemia não travou os projetos de crescimento. No ano passado, abriu quatro agências no país, mas o plano da imobiliária é bem mais vasto. Como adianta Eduardo Garcia e Costa, presidente da agência em Portugal, atualmente a marca conta com 26 market centers espalhados de norte a sul de Portugal e o objetivo é ter uma rede de 50. Para este primeiro semestre, está já prevista a abertura de dois novos espaços. Na perspetiva do gestor, a crise económica vai trazer “desafios a muitas pessoas e existirá um aumento do desemprego de pessoas qualificadas” no país. Neste contexto, a KW “é bastante atrativa para este conjunto de profissionais, por isso, acreditamos que seremos uma opção muito válida para que possam refazer as suas carreiras de forma empreendedora”. Neste momento, a KW Portugal conta com 2300 associados, tendo fechado 2020 com mais 32% que em 2019.
Crescer a dois dígitos
A Coldwell Banker, imobiliária de origem norte-americana que entrou no país há pouco mais de dois anos, acaba de se instalar em Sintra. Depois de duplicar em 2020 o número de agências, em abril estreou-se nesta cidade da Grande Lisboa, uma localização que considera prioritária no seu segmento. Como refere Frederico Abecassis, CEO da CB Portugal, “é um dos mercados onde registamos mais oferta de produtos de alta gama e também o mais procurado pelos clientes affluent [com poder de compra], o que se coaduna com o ADN” da marca. Com sete agências no país, a CB conta com 120 consultores, o que traduz um crescimento de 23,8% face ao início do ano passado e, sublinha o responsável, “com uma incrível taxa de retenção, de 93,8%”.
A RE/MAX, acaba de registar “o melhor primeiro trimestre de sempre”, depois de no ano passado ter aberto 28 novas agências. A maior rede imobiliária do país totalizou um volume de vendas de 1,3 mil milhões de euros, um crescimento de 11% quando comparado com o mesmo período de 2020. E, em abril, o negócio continua a florescer. Segundo Beatriz Rubio, CEO da empresa, “nestes quatro meses do ano superámos, a dois dígitos, os resultados alcançados no 1.º quadrimestre de 2019”, exercício que a responsável apelida de “memorável”. Mas, garante, “2021 está a ser ainda melhor”.
Fonte: Diário de Notícias