Sotheby’s Luxury Outlook realça consolidação da presença dos americanos na Europa como uma das grandes tendências para 2023. A doação de casa para os filhos, a compra de habitação em zonas com envolvente natural ou os destinos pouco habituais são outras tendências para 2023

Os americanos vão definitivamente continuar focados em Portugal para a compra de uma habitação de luxo. Esta é uma das principais conclusões da Sotheby’s Luxury Outlook 2023, um relatório que apresenta as grandes tendências para o mercado imobiliário de luxo em todo o mundo e que dá grande destaque ao mercado nacional.
A forte valorização do dólar face ao euro e à libra está a movimentar os milionários e multimilionários americanos que estão em grande dinâmica de compras em Espanha, Grécia, França, Itália ou Reino Unido, mas foi Portugal, através do CEO da Portugal Sotheby’s Realty que mereceu um dos maiores destaques no Outlook agora divulgado.
“A elevada taxa de inflação nos EUA em paralelo com a valorização cambial do dólar influenciou o crescimento dos investimentos no segmento de luxo já que os compradores e investidores norte-americanos têm uma moeda mais forte frente ao euro e, nesse sentido, maior poder de compra.” realçou no estudo Miguel Poisson, CEO, Portugal Sotheby’s Realty, que “abre” o capítulo “As U.S. dollar surges, Americans head abroad” no relatório hoje divulgado.
O responsável lembra que em 2022 os norte-americanos subiram ao top de investidores de imobiliário em Portugal na faturação da Sotheby’s, surgindo em primeiro lugar na compra de imóveis de luxo na região de Lisboa.
“Portugal é considerado um dos países mais baratos para se viver na Europa Ocidental e muito mais económico que os EUA. Outros fatores que atraem compradores americanos incluem a assistência médica de alta qualidade, baixas taxas de criminalidade e um forte sistema educacional”, acrescentou o responsável, destacando Lisboa, Porto, Algarve e a ilha da Madeira, como as zonas mais procuradas, com as moradias e os condomínios de luxo a destacarem-se nas suas preferências.
Um interesse que tem tido um crescimento consistente e que, segundo o responsável, registou recentemente um novo aumento da procura quando, em novembro passado, o Turismo de Portugal fez uma ação de ativação em Times Square, Nova Iorque, a propósito do lançamento da figura de Cristiano Ronaldo no Museu Madame Tussauds.
“Acredito que esta tendência de compradores de luxo norte-americanos se vai manter e crescer ainda mais nos próximos anos” explica Miguel Poisson, CEO da Portugal Sotheby’s Realty, lembrando que com a valorização do dólar, espera-se que os investidores desta geografia continuem a fazer uso do seu poder de compra superior no estrangeiro.
“Booms semelhantes estão a acontecer em outros mercados europeus”, cita o relatório.
A percentagem de compradores americanos de luxo na Itália aumentou de 5% para 13% apenas entre 2021 e 2022, de acordo com Diletta Giorgolo, CEO da Itália Sotheby’s International Realty, citado no mesmo estudo. “O interesse dos compradores mudou principalmente da área da Toscana em 2021 para a cidade de Roma em 2022”, revela o responsável.
Também na Grécia não parece haver dúvidas “de que os dólares americanos estão a estabelecer uma base sólida para aumentar o interesse em imóveis de luxo gregos”, diz Savvas Savvaidis, CEO da Grécia Sotheby’s International Realty. “Nos primeiros nove meses de 2022, os pedidos que recebemos do mercado americano para imóveis de luxo gregos aumentaram 59,1% em relação ao mesmo período do ano passado”, adiantou o mesmo responsável, dando como exemplos a ilha de Corfu, Mykonos e Paros como as zonas com maior procura desta clientela endinheirada.
Mas os americanos não estão a comprar só nos soalheiros países do sul da Europa. Com a libra esterlina a bater mínimos históricos, abrem-se oportunidades para os americanos conseguirem comprar no Reino Unido, a preços mais “modestos”, imóveis que há bem pouco tempo estavam bem mais caros.
“Tenho compradores nova-iorquinos que enviaram um e-mail na noite anterior e no dia seguinte se enfiam num avião para vir cá ver casas listadas por 15 milhões de libras, por exemplo”, conta Guy Bradshaw, diretor administrativo da Sotheby’s International Realty do Reino Unido. “Eles sabem muito bem que podem entrar agora investir os seus dólares e sabem que a libra irá certamente voltar a subir. São estratégias de três a 10 anos que estão em jogo no momento”.
E em alguns casos, as flutuações cambiais proporcionam uma sorte inesperada para estes investidores americanos mesmo a meio das transações. “Um cliente recente economizou cerca de 120.000 dólares numa só transação porque a libra caiu muito entre a oferta original feita ao imóvel e a altura em que se fechou efetivamente a operação”, exemplificou Guy Bradshaw.
O relatório aponta ainda para o reforço da tendência do imobiliário como a melhor forma de passar riqueza para a próxima geração– nomeadamente da parte dos baby boomers (todos os nascidos entre 1945 e 1964, período de pós-guerra marcado por forte aumento da natalidade) que continuam a ser os maiores detentores de riqueza. E essa tendência também reforça o investimento norte-americano em Portugal.
Mais há mais tendências a destacar. Uma das tendências que será reforçada em 2023 no mercado imobiliário de luxo é a compra para doação. A transferência de propriedades para a geração futura será benéfica, tendo em conta também a dificuldade cada vez maior dos jovens no acesso à habitação, não só em Portugal como em outros países do mundo.
A outra aponta para o crescimento do interesse por propriedades de luxo localizadas perto de florestas ou montanhas ou com um espaço exterior especialmente amplo. Batizadas de naturehoods, este tipo de áreas estão a apelar cada vez mais aos investidores: Nova Zelândia, Grécia ou Itália são alguns dos países que assistem ao crescimento da tendência. E Portugal não é exceção.
Os investidores também já não procuram apenas os clássicos destinos para segunda-casa, e estão cada vez mais interessados em zonas emergentes. A Cidade do México surge como um dos exemplos onde 40% das vendas foram para compradores estrangeiros e prevê-se que em 2023 esse valor ascenda a 60%. A Croácia, que acaba de entrar na zona Euro também está a registar maior procura assim como o Médio Oriente, em concreto o Egipto, que está a registar uma multiplicação dos empreendimentos de luxo.
Fonte: Visão